Como o Carro Autônomo do Uber Vai Destruir 10 Milhões de Empregos e
Redefinir a Economia em 2025
O mais excitante serão as novas invenções, descobertas e a criação de
indústrias inteiras que ainda não podemos nem imaginar
por Zack Kanter
Traduzido
com a permissão do autor.
Passei um tempinho ultimamente
pensando em carros autônomos e queria resumir minhas ideias e predições. A
maioria das pessoas — inclusive os especialistas — parece pensar que a
transição para os veículos sem motorista virá lentamente ao longo das próximas
décadas, e que existem grandes obstáculos para sua adoção generalizada.
Acredito que isso é significativamente subestimado. Carros autônomos serão
comuns em 2025 e quase um monopólio em 2030; e a mudança radical que trarão vai
eclipsar todas as outras inovações que nossa sociedade tem experimentado. Vão
causar desemprego sem precedente e uma reestruturação fundamental na nossa
economia, economizar milhões de horas de aumento de produtividade e criar novas
indústrias inteiras que não podemos sequer imaginar com base no nosso atual
ponto de vista.
A transição já está começando.
Elon Musk, CEO da Tesla Motors, diz que seus carros serão capazes de autopilotagem por 90% do tempo a
partir deste ano. E as grandes montadoras não estão muito atrás. De acordo com a Bloomberg, os modelos de 2017 da
GM contarão com “tecnologia que assume o controle da direção, aceleração e
frenagem em velocidades de 112 km/h em rodovias ou no andar-e-parar de um
congestionamento”. Tanto oGoogle quanto a Tesla preveem que veículos totalmente
autônomos estarão disponíveis para o consumidor em 2020, o que Musk descreve
como “verdadeira pilotagem autônoma onde você poderá, literalmente, entrar no
carro, dormir e acordar no seu destino”.
Como isso vai acontecer
Os especialistas do setor pensam
que os consumidores vão lentamente começar a comprar carros autônomos, mas
mesmo que isso seja verdade, é errado supor que isso impedirá a transição. Uma pesquisa da Morgan Stanley mostra que os
carros são dirigidos por apenas 4% do tempo, um desperdício surpreendente
considerando que o custo médio anual para manter um seja de US$
9 mil. Depois de uma casa, o carro é o segundo item mais caro que a maioria das
pessoas nunca vai comprar — , e não é nenhuma surpresa que serviços de
compartilhamento de carona ou de carro como o Uber e Zipcar estejam rapidamente
ganhando popularidade como uma alternativa à aquisição de um carro. Hoje é mais econômico usar esses serviços se você
mora em uma cidade e dirige menos de 16 mil quilômetros por ano. O impacto
sobre o número de veículos particulares é enorme: um estudo da UC-Berkeley mostra que o custo
de manutenção de um veículo cai pela metade entre os usuários que compartilham
carona. Os compradores de carro do futuro não será você nem eu: serão as
empresas que operam serviços de compartilhamento de carona ou de carro.
Uma pesquisa atual confirma que
todos estariam ansiosos para usar carros autônomos se eles já estivessem
disponíveis. Nos Estados Unidos, um total de 60% dos adultos entrevistados responderam
que usariam um carro autônomo e quase 32% disseram que não continuariam
dirigindo se um carro autônomo estivesse disponível. Mas ninguém está mais
animado do que o Uber: seus motoristas ficam com pelo menos 75% do valor pago pelo
passageiro. Não foi nenhuma surpresa quando o CEO Travis Kalanickdeclarou recentemente que o Uber vai
substituir todos os seus motoristas por carros autônomos.
Estudo da Columbia University sugere que o
Uber conseguiria substituir todos os táxis de Nova York com uma frota de 9 mil
carros autônomos — na média, os passageiros iriam esperar 36 segundos para um
passeio de 50 centavos de dólar a cada 1,6 km. Tamanha conveniência e
baixo custo tornará inconcebível a propriedade de um carro, enquanto os táxis
autônomos sob demanda — o “transporte em nuvem” — rapidamente se tornará a
forma dominante de transporte: além de deslocar muito mais gente, vai também
manter a maioria dos usuários longe do transporte público. Com uma avaliação de US$ 41 bilhões, a substituição de
todos os171 mil táxis dos Estados Unidos fica dentro do viável para
o Uber: com um custo de US$ 25 mil por carro, custaria apenas US$ 4,3 bilhões.
A queda
Os efeitos da adoção dos veículos
autônomos serão espantosos. APricewaterhouseCoopers prevê que o número de
veículos na estrada será reduzido em 99%, com a frota caindo de 245 milhões
para apenas 2,4 milhões de veículos.
A disrupção não é amável com seus
competidores entricheirados: assim como Blockbuster, Barnes & Noble,
Polaroid e dezenas de outros como eles, é improvável que grandes montadoras
como GM, Ford e Toyota vão sobreviver à inovação. Elas se orientam para
produzir milhões de carros com diferentes variações para atender a gostos
individuais, ficando sobrecarregadas para sustentar uma diminuição dramática de
vendas. Acho que a maioria terá falido em 2030, enquanto montadoras-startups
como a Tesla vão prosperar com um número menor de vendas para operadores como
Uber, oferecendo modelos padronizados e menos opções.
Indústrias subordinadas à do
automóvel, como os US$ 198 bilhões do mercado de seguro de veículos, os US$ 98 bilhões do mercado
de financiamento de veículos, os US$ 100 bilhões do mercado de estacionamentos e os US$ 300
bilhões de reposição de peças e manutenção, entrarão em colapso
enquanto a demanda por esses serviços evaporar. Assistiremos à obsolescência
das empresas de aluguel de carros, sistemas de transporte público e — que vá
com Deus! — multas. Mas veremos uma transformação que irá além do transporte de
pessoas: veículos semi-autônomos como ônibus, tratores e caminhões substituirão a necessidade de
motoristas profissionais além do suporte da indústria em torno deles.
O Bureau
of Labor Statistics lista 884 mil pessoas trabalhando na
fabricação de motores e peças, com mais 3 milhões empregados na rede de
concessionárias e serviços. Caminhões, ônibus, entrega e motoristas de táxis
respondem por 6 milhões de motoristas profissionais empregados. Praticamente
todos esses 10 milhões de empregos serão eliminados entre 10 e 15 anos, e essa
lista não deve se esgotar aqui.
Mas apesar da perda de emprego e
da destruição em massa de indústrias, a eliminação da necessidade de comprar um
carro vai render mais de US$ 1 trilhão de renda adicional disponível — o que
vai inaugurar uma era sem precedentes de eficiência, inovação e criação de
empregos.
Uma visão do futuro
O Morgan Stanley estima que uma redução de
90% em acidentes pouparia cerca de 30 mil vidas e preveniria mais de 2 milhões
de lesões anualmente. Carros sem motorista não precisam estacionar: manobras na
rua em busca de vagas para estacionar são responsáveis por espantosos 30% do tráfego da cidade, para não dizer que usar
o espaço destinado para estacionar ao lado da calçada acrescenta uma faixa
extra na capacidade das ruas da cidade. O congestionamento vai se tornar
inexistente, salvando todo ano 38 horaspara cada
transeunte — quase uma semana inteira de trabalho. Com estacionamentos,
garagens, concessionárias e estações de ônibus se tornando obsoletos, dezenas
de milhões de quilômetros quadrados de terrenos e imóveis vão estimular um
explosivo desenvolvimento metropolitano.
O impacto ambiental dos carros
autônomos tem o potencial de reverter a tendência de aquecimento global e
reduzir drasticamente nossa dependência de combustíveis fósseis. Carros de
passeio, SUVs, utilitários e minivans respondem por 17,5% das emissões de gases do
efeito estufa — uma redução de 90% dos veículos em operação iria reduzir nossas
emissões globais em 15,9%. Como a maioria dos carros autônomos tende a ser
elétricos, podemos praticamente eliminar os 508 milhões de litros de gasolina
usados todo ano apenas nos Estados Unidos. E mesmo que a
reciclagem de 242 milhões de veículos exija recursos substanciais, o excedente
de matérias-primas diminuirá a necessidade de mineração.
Mas o mais excitante para mim
serão as novas invenções, descobertas e a criação de indústrias inteiras que
ainda não podemos nem imaginar.
Sonho com um transporte em nuvem:
quase instantaneamente disponível, viagens ponto-a-ponto. Ambulâncias que
chegam ao local em questão de segundos. Um sistema
amplo de distribuição de energia elétrica para carros. A integração
do centro com os bairros torna-se rápida e indolor. Melhoraria dramaticamente a
mobilidade para os deficientes. Alugar sob demanda qualquer coisa que você pode
imaginar. O fim dos Detrans!
É emocionante estar vivo, não é?
Zack Kanter é empreendedor, futurista,
palestrante, escritor, fundador de algumas startups, chefe de cozinha amador e
nerd em geral. Siga-o no Twitter e assista
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